Cada um escolhe por qual janela olhar

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Denise e Anselmo

Me dei, me dei..mudei. E você, o quê? Fiz tudo, te dei o meu mundo. E você o quê? Joguei, lutei, arrisquei, amei! Gostei, um amor maior: impossível. E você o quê? Ultrapassei meu íntimo. Fechei meus olhos, os olhos da alma. Decidi ignorar meus padrões. Ocultei minhas raivas, algumas vezes não deu, disfarcei meus ciúmes, amaciei minhas mágoas. Sua voz me tranqüilizara, teu sexo me domava. Fiz como pude e como não pude. Do seu jeito fui levando, algumas vezes amor próprio me faltou, mas eu só queria seu amor. Por inúmeras vezes te amava mais do que o tudo. E pergunto: E você? O quê? Armei sua lona, fiz seu circo, pintei seu mundo. Fiz de você meu primeiro. Usei suas cores, anulei as minhas. Aceitei suas verdades intactas, anulei as minhas. E você amor? O quê? O quê você fez? Despedacei meu ego, levantei nossa bandeira. Me julguei egoísta, fui contra a seu favor. Chorei, chorei, chorei até faltar vazio em mim. Fui no fundo, no profundo do meu âmago. Pra merecer teus carinhos, teus gemidos, tua língua, teu prazer, teu sorriso, tua atenção, teu apreço.Pra me sentir mulher, me fiz criança. Fiz pirraça, cena, novela. Decorei um texto pra nada dar errado. Abri a mente, fiz preces, fantasiei um mundo. Amei teu corpo, teu jeito, teu cheiro, tua sombra, abri meu peito acreditei na gente. Desconfiei muito, mas confiei demais. E você amor? O quê? Ouviu minha canção? Abriu o peito? Cortou seus cabelos? Trocou de canal? Falou “aquela” frase? Fez planos pra mim? Escolheu um filme pra nós dois? Foi minha companhia para todos os momentos? Foi a um show? Usou “aquela” blusa? Amou-me de verdade? Pensou em mim? No que construímos? No que alcançamos? Tudo um dia tem fim. Tudo na vida tem volta. Tranqüilo você pode ficar, riscos de amar sem ser amado, você não há de correr não. Amor de verdade você não sabe diferenciar. Dizer que vou ser feliz agora? Quem sabe? Dizer que você vai se dar bem? Tomara! Aprendizados são pra vida toda, mas amor unilateral na vida da gente uma só vez é suficiente.
Depois de duas semanas tentanto entender se você me fazia falta ou não, acabei descobrindo que sim: você me faz uma falta enorme, além de todas as coisas. É saudade do sorriso, do cheiro, do abraço, do olhar, do beijo. Saudade das conversas. Saudade do nosso amor. Deu tudo errado não foi? E agora todos os dias eu choro. Um choro rápido. Algumas lágrimas caem, deixam meu rosto vermelho, molham o travesseiro, eu respiro fundo e o choro já passou. É, agora eu tou assim sabe, não me permito chorar por muito tempo. Trato logo de secar os olhos, porque chorar é lembrar. E eu tenho que parar e esquecer, pra ver se dói menos. Mas continua doendo. Agora mais do que há quinze dias atrás. E daqui há uma semana mais do que hoje. É uma falta serena, uma saudade gritante mas controlada, e uma dor que não corta mas incomoda e deixa o coração triste. As coisas aqui dentro de mim andam um pouco feias, tudo muito sem cor, sem vida. Ando todos os dias no arame farpado que se faz a razão e o coração. E deixa eu te dizer, se ainda não me afundei em lágrimas e cai de cabeça nessa dor é porque a razão tá todo tempo martelando na minha mente, dizendo que é melhor assim. Que o momento é nós dois estarmos separados. E minha maturidade dizendo todo tempo que isso vai passar, que aos poucos vai ficando mais fácil. A verdade? Queria estar contigo, com todo o meu gostar, com toda minha dedicação. Mas ai vem a razão dizendo que eu não posso. Vem o medo dizendo que se nós voltarmos vai ser tudo como antes - as mesmas brigas, as mesmas divergencias. E vem a realidade me mostrando que você está muito bem sem mim, obrigada. E eu sinto um ciúme horrível de você que vem seguido de uma raiva mais horrível ainda. Do tipo, não tou contigo e nem quero que ninguém esteja. Coração aperta, eu ligo pra você. Você diz que também sente falta, que ainda gosta de mim e me ama - embora demonstre o contrário. Mas não passamos disso. Gostamos um do outro, mas não queremos ficar juntos. Acho que é isso. Estranho? Demais. Mas é assim. Eu ligo outra vez e você diz que vai sair; e eu penso: " tá do jeito que ele sempre quis. diversão a todo tempo. continuo ligando pra que? ele não precisa de mim.". Minha voz fica estranha e você pergunta se eu estou com raiva. Digo que não. Desligo o telefone e choro. Mais uma vez um choro rápido, mas cheio de dor. E então eu prometo a mim mesma que acabou. Não vou mais te ligar, não vou mais te procurar. Foi eu quem quis assim, foi eu quem cheguei dizendo que não dava mais. Você tá certo, tá seguindo sua vida. E eu vou seguir a minha. Vai ser difícil, mas levo como mantra: vai passar! É isso, parou por aqui. Eu e você, cada qual pro seu lado.

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