Cada um escolhe por qual janela olhar

terça-feira, 6 de maio de 2008

Ele

Tenho razão de sentir saudade,tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompestee sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescênciade viver e explorar os rumos de obscuridadesem prazo sem consulta sem provocaçãoaté o limite das folhas caídas na hora de cair.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceuenlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais gravedo que o ato sem continuação, o ato em si,o ato que não ousamos nem sabemos ousarporque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de ti,de nossa convivência em falas camaradas,simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banaisque eram sempre certeza e segurança.
Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizesteo não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste.

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