Cada um escolhe por qual janela olhar

sábado, 10 de janeiro de 2009

carta I

Fale-me das suas ferrugens querido. Dos seus dias que não levantam há meses.Conte-me querido. Fale das últimas melodias rabiscadas. Fale-me de amores. Fale-me da poeira. Do cheiro da nossa mobília antiga. Ou de algo novo. Não, não precisa ser inovador. Tentador, quem sabe. Conte-me dos seus olhinhos murchos. Que se deitam toda madrugada junto com as flores que vc não rega mais. Conte-me do que te enfurece. Do que te deixa eufórico. Daqueles dias em que você relatou como aqueles líquidos embebiam seu corpo e não o contrário se perfeito fosse. Da sensação alucinógena, deixando-me absorta, ao me conduzir por seus joelhos descritos embevecidos naquela espécie de arrebatamento como imerso em caldas de chocolates no frio. Fale-me meu sorriso que desabrocha sem vento. Relate-me as suas pétalas feridas que caem e não alcançam meus olhos.Grite-me da dor que as plumas do travesseiro acolhem como sussurros.Desbrave minha imaginação, arranque-me.Daquela forma com que perdi meus conceitos há dias afora, os deixei por ai.Do que tornei "presente-passado" e fiz dos teus devaneios alcoólicos e surdos meu mapa traçado de metas futuras.

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